Roteiro Turístico de Altaneira
Pedra Grande
O Vale do São Romão no município de Altaneira-CE é detentor de vastas riquezas e belezas naturais com suas nascentes e sua formação rochosa rica em calcário. A pedra calcária foi desde o princípio da ocupação a principal fonte de renda local, o que contribuiu no princípio da emancipação do município à elevação do povoado a categoria de distrito. Para quem gosta de aventura. Outro ponto atrativo que vem atraindo muitos grupos para o local tem sido o monumento natural da PEDRA GRANDE, um monte com formação rochosa em elevação natural esculpido no leito do vale por antigas correntes marítimas quando aquela localidade foi ocupada pelo mar. O desafio é escalar a trilha íngreme de dificuldade moderada de nível 3, em um percurso de 0,71 km. São 209m de escalada até o topo do maciço. O acesso aventureiro em contato direto com a natureza e a linda vista que o topo da pedra grande proporciona, são os atrativos que já levaram e levam muitas pessoas a visitarem o local.
Foto: @wellcaboclo
Nascentes do Vale
No sopé dos paredões do vale do São Romão, em meio à paisagem natural e o canto dos pássaros, vertem inúmeras nascentes com suas águas cristalinas a abrirem caminho por entre a relva até formarem o riacho do São Romão. Em alguns pontos ao longo do riacho se formam piscinas naturais que propiciam um verdadeiro “refresco” aos aventureiros de trilhas e um oásis para os moradores locais que utilizam destas águas cristalinas para suas atividades domésticas.
Com a nova demarcação dos limites intermunicipais, o Rio São Romão e o Riacho da Extrema passaram a ser a divisa entre os municípios de Altaneira e Farias Brito; O conjunto de riachos segue seu curso até serem represados pelo Açude de Aurélio na vila de Lamajú.
Foto: @wellcaboclo
Foto: @wellcaboclo
Forno do Contínuo
O vale do São Romão ficou conhecido nacionalmente por conta da cal ali produzida. A concentração calcária tem uma extensão superior a 10km e uma espessura de 200m sendo encontrada desde a localidade de São Romão, até a serra do Jatobá próximo a cidade de Cariús, e faz parte do chamado Complexo Ceará em sua geologia. Esta formação metassedimentar depositada em ambiente marítimo plataformal, data do proterozóico inferior, demonstrando que o atual vale do São Romão um dia já foi mar. A pedra calcária foi descoberta na queima de brocas no inicio do povoamento; posteriormente foram construídos os fornos de barranco onde a cal era extraída de forma artesanal.
No ano de 1962 a cal passou a ser produzida de forma industrial com a construção do forno do contínuo pelo ex-prefeito de Farias Brito Aurélio Liberalino de Meneses em uma de suas propriedades denominada Extrema, servindo de marco na divisa dos municípios de Farias Brito e Altaneira. O forno acabou se tornando um símbolo sendo representado como figura central das bandeiras de Altaneira e Farias Brito. Com a renovação dos limites intermunicipais, o forno do contínuo passou a pertencer ao território de Altaneira conforme Lei Estadual Nº 16.198 de 29 de dezembro de 2016.
Foto: @wellcaboclo
Trilha do Sítio Poças
Na localidade do Sitio Poças onde os antecessores do coronel Né de Almeida se estabeleceram na ocupação do território de sua propriedade, naquela ocasião denominada Sitio Santa Tereza, fica localizada a Trilha do Sitio Poças. No dia 30 de março de 2014, um audacioso grupo de altaneirenses coordenados pelo advogado Raimundo Soares Filho, pelo Secretário de Agricultura e meio Ambiente Antonio Ceza Cristóvão, do gerente comercial Ariocélio Soares e do agricultor Damião Lima, refizeram antigos caminhos em reconhecimento à futura trilha ecológica.
Os caminhos foram limpos e ampliados e novos caminhos foram abertos através de um mutirão e sua abertura oficial se deu no dia 13 de abril daquele mesmo ano. O espaço fica localizado em uma propriedade particular, mas a trilha passou a ser de uso público. A trilha, utilizada para caminhadas, arborismo, acampamento e ciclismo de montanha, já sediou duas etapas do Campeonato Cearense de Ciclismo.
No dia 30 de março de 2021 foi proposto Projeto de Lei pela Câmara, de autoria do vereador Ariovaldo Soares, que institui o dia 30 de março como “DIA DA TRILHA SÍTIO POÇAS” a ser celebrado anualmente no município de Altaneira.
Foto: João Alves
Pedra dos Dantas
Outro ponto que possui destaque em Altaneira é a Pedra dos Dantas no Sitio Taboca, trata-se de um paredão de pedra com 15m de altura. Neste paredão vem sendo desenvolvido a prática do rapel por condutores de trilhas local, segundo os condutores o local é ideal para quem quer iniciar no rapel.
Capelinha de São José
A capelinha de São José em Altaneira é um marco fundamental na história do município. Para sua construção a igreja católica exigiu a doação do terreno pelos moradores, sendo doado 18 tarefas e meia pelos senhores Frutuoso José de Oliveira e Manoel Romão de Lucena. Sua edificação data de 1938, período em que teve início o processo de urbanização do município. Em seu interior está sepultado o senhor
Foto: Frutuoso José de Oliveira.
Igreja Matriz de Altaneira
Após a chegada do capelão Padre David Moreira em 1947 ao povoado de Santa Tereza, foi dado início ao processo de construção de uma nova igreja mais ampla e moderna. O terreno foi doado pelo senhor Manoel Miguel e o desenho em forma de avião seria de autoria do próprio Padre David. O início da construção foi marcada pela procissão das pedras, com a comunidade se reunindo aos domingos trazendo cada um uma pedra para a construção do alicerce. Após a saída do padre David de Altaneira, as obras ficaram paralisadas por quase quarenta anos até a sua finalização em 1985 sob a liderança de Adevaldo Arrais, Otônio Almeida doou o sino, Carlos Ananias doou o sacrário e os bancos foram doados pela comunidade. A imagem de Santa Teresa em gesso foi trazida de São Paulo de navio até Fortaleza, para Iguatu veio de trem e para a então vila de Santa Teresa transportada por animal. No dia 15 de outubro de 2003 foi criada a paróquia de Santa Teresa de Jesus, desvinculando da paróquia de Nova Olinda. O primeiro pároco foi Pe. Vileci Basílio Vidal.
A Lagos de Santa Teresa
No princípio, a Lagoa de Santa Teresa era utilizada como ponto de abastecimento de água para vaqueiros e tropeiros que faziam o percurso Paraíba-Piauí e Inhamuns-Cariri sendo um destes caminhos, a tradicional rota do couro. No local havia um grande curral para o gado pernoitar. Afirma a história oral que Frutuoso José de Oliveira ao chegar ao Sitio Santa Teresa, ficou “fascinado” com tamanha beleza, o que inspirou Euclides Nogueira a escrever o refrão “com o brilho do lago que fascina” na letra do Hino do município de Altaneira. À suas margens também foi celebrada a primeira missa campal pelo padre Joaquim Sabino Dantas, evento que instaurou a pedra fundamental do processo de formação do centro urbano a partir daquele ponto. Atualmente, o lago ainda resiste, mesmo tendo a cidade “voltado às costas para si” ao construírem as casas com a frente voltada para a capela durante o processo de urbanização. Existem, porém, audaciosos e modernos projetos de revitalização e urbanização da Lagoa de Santa Teresa que ao serem postos em prática, reafirmarão o seu fascínio rumo ao futuro.
Projeto ARCA
Para quem visita Altaneira, tem que conhecer o projeto ARCA. Tudo começou com o movimento fundado pelo professor catarinense Carlos Tolovi e seu violão no inicio de 2001 e adesão dos jovens altaneirenses praticando a solidariedade. O movimento foi aumentando até se organizar em uma Associação (Associação Raízes Culturais de Altaneira). Com a construção do Hospital Municipal, a ARCA ocupou os espaços do antigo hospital da Fundação Furtado leite. Atualmente a organização sem fins lucrativos divide-se em três entidades: ASSOCIAÇÃO ARCA, FUNDAÇÃO ARCA E ASSOCIAÇÃO ABA. Com foco na valorização do ser humano, refletindo em busca da transformação da realidade por meio da solidariedade, a ARCA desenvolve projetos no âmbito da música, teatro, informática e literatura.
Festival Junino
Altaneira é conhecida por suas tradicionais festas. Seu povo hospitaleiro e alegre sempre atraíram multidões para seus eventos. Quem vem uma vez, quer vir sempre. Uma destas festividades é o festival junino. Celebrado no princípio com as pessoas nos sítios a acenderem as suas fogueiras em comemoração a Santo Antônio, São João e São Pedro; assando milho, batatas, abóboras e soltando rojões. As danças juninas tiveram início em Altaneira com apresentações das escolas e ganhou dimensão regional com a organização do grupo junino Arraiá do Furdunço a partir de 2001. Com seu enredo e seu jeito alegre de dançar, foi campeão por onde passava arrastando multidões para assistir a sua apresentação e tirando lágrimas de orgulho dos altaneirenses. Podemos dizer que o Arraiá do furdunço não só colocou Altaneira na rota do Ceará Junino como também inovou o jeito de fazer junino e criou um novo estilo de dança nos festivais do Ceará. Com o fim da era Furdunço, surge um novo grupo denominado Arraiá do Ribuliço em homenagem ao poeta Antonio Rodrigues dos Santos. Organizado pelos veteranos de outrora, as tradições foram mantidas e o show continuou, fazendo do festival de 2019, um dos maiores que Altaneira já viu.
Cavalgada da Fé em Altaneira
Altaneira nasceu da paragem entre as veredas abertas pelo gado e seus vaqueiros, que encontraram na Lagoa de Santa Tereza a água necessária para aliviar a sua sede nas longas jornadas percorridas entre o Cariri e os Inhamuns. Conforme a lenda, a pioneira família Almeida aqui veio com o intuito de matar as onças que atacava o gado. Construíram um grande curral na poça para a postura do gado e em suas estacas, colocavam a cabeça de cada onça abatida. Neste trajeto de vaqueiro e gado fincamos as nossas raízes. Com o propósito de homenagear estes aguerridos de couro, a partir de 12 de outubro de 2013, iniciou-se em Altaneira a Cavalgada da Fé. Um passeio a cavalo, percorrendo um trajeto pré-determinado até ao local onde se celebra a missa em homenagem ao vaqueiro. Organizado pelo professor Zé Valdo e amigos, governo municipal e Secretarias de Cultura e Agricultura, o evento já faz parte do calendário festivo da padroeira com os cavaleiros homenageando nossa senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Em 2016, a pedido do padre Alberto, o evento ganhou uma nova modalidade, sendo celebrado com muita cantoria, repentes e forró pé de serra na Fazenda Ribeiro na Serra do Valério, iniciando às homenagens aos ex-vaqueiros, naquela ocasião aos irmãos: Cabôco e Zé Ribeiro. A última edição (anterior à pandemia) ocorreu em 12 de outubro de 2019 a qual homenageou ao ex-prefeito e pecuarista Chico Fenelon, que houvera falecido naquela madrugada fatídica.
Dança de São Gonçalo
O povo altaneirense é um misto de Baianos, alagoanos, paraibanos, descendentes de índios, ciganos, cangaceiros, de escravos..., fugitivos de guerras e sobreviventes da fome, tendo a fé como âncora na busca por uma vida melhor. Estes povos inseriram no meio as suas crenças e os seus costumes. Dentre estas crenças podemos citar a DANÇA DE SÃO GONÇALO como uma das práticas observadas nas festividades que ocorrem em Altaneira. Destacaram-se nesta dança a mestre Eliza Grossa, Contra-Mestre João Boré, Mestre João Zuba, mestre Angelita puxadeira, dentre outros brincantes. Trata-se de um milagre alcançado por uma promessa feita a São Gonçalo do Amarante, onde o agraciado é posto, sob a proteção de um guarda-chuva, ao lado de um altar improvisado, contendo a imagem do santo em local aberto onde a dança será realizada. A dança é formada por uma fila de homens e outra de mulheres a dançarem em trança de 12 voltas até ao pé do altar onde o santo é reverenciado. As 12 voltas compreendem uma jornada, sendo o total da dança composta por 12 jornadas contadas com grãos de milho, feijão ou mulungu. A animação fica por conta do puxador, também chamado(a) de cabeça, pelo mestre com sua viola e pelo contramestre a tocar uma espécie de tambor conhecido por “meia cuia”. Segundo a tradição, para a dança ser bem “tirada” ao menos uma prostituta tem que fazer parte entre os dançarinos. A dança de São Gonçalo dentre outros costumes, fazem de Altaneira um verdadeiro berçário de religiosidade.
Festa da Padroeira
Com a construção da capela, Padre Agamenon de Matos Coelho deu início a um evento que se tornaria o maior e mais aguardado de Altaneira: A festa da padroeira Santa Teresa D´ávila que é Celebrada anualmente de 06 a 15 de outubro. A primeira celebração aconteceu em 15 de outubro de 1938 e de lá para cá as festividades só deixaram de acontecer em duas ocasiões: nos anos 1970, por conta de uma “invasão” de prostitutas na cidade e em 2020 com a chegada da pandemia. As festividades começam com o cortejo e hasteamento do pau da bandeira, e durante nove noites o sagrado e o profano se fundem até o seu encerramento com a imagem da padroeira conduzida em procissão pelas ruas da cidade seguida por uma multidão de fiéis devotos.